"Preferia o fim do verão, não o outono, que talvez até já tivesse
começado, mas, de qualquer forma, fazia muito frio na praia, por onde
gostava de passear à beira d'água logo depois do pôr do sol, sem ninguém
por perto, e o mar com cara de sujeira, de perigo, e as gaivotas
recusando-se a ir dormir, com ódio do sono, e descendo em voo rasante
pra lhe arrancar os olhos, a alma, o que dela restasse.
Quando já se está quase sem alma e se tem consciência disso, é porque ainda se existe."
Charles Bukowski (1920-1994). Fabulário geral do delírio cotidiano - Parte II. Porto Alegre: L&PM, 2015, p.150
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