"Frank sabia que sempre que o brujo falava com um branco sobre
'caminhos' ele pensava, com não muita boa vontade, nas estradas de
ferro, que ele odiava como a maioria de sua gente, por elas destruírem a
terra e o que outrora nela crescia e vivia. Frank respeitava essa
atitude – quem, a certa altura da vida, não tinha sentido ódio da
ferrovia? Ela penetrava, ela rasgava ao meio cidades, manadas selvagens,
divisores de águas, gerava pânico econômico e exércitos de mulheres e
homens desempregados, e gerações de citadinos endurecidos, sem
sentimentos e sem princípios, que reinavam com poder absoluto, ela
levava embora tudo de modo indiscriminado, para ser vendido, abatido,
carregado para onde o amor não alcança."
Thomas Pynchon (1937-). Contra o dia (2006). São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 935
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