"Lew sabia que outros profissionais do seu ramo, aqueles que atuavam
dos dois lados da lei até não saberem mais de que lado estavam, que
haviam chegado ao topo, alguns deles, os piores dos piores, agora, já
tendo aparado muito tempo atrás os bigodes grisalhos, levando uma vida
pacífica naquela costa ocidental, estavam enriquecendo com negociatas
imobiliárias apenas um pouco mais legítimas do que os assaltos a trens
que no passado constituíam sua principal fonte de renda... bandoleiros
mais modestos, embora outrora assassinos de quatro costados, agora
levavam existências pacatas em pequenos chalés perto de Pico, com suas
esposas jovens e animadas, sempre a preparar tortas, atuando como
consultores para aquelas fábricas de sombras que produziam em série
filmes que transformavam aqueles tempos de loucura de antigamente em
pacotes de entretenimento inofensivo. Lew jamais imaginou que chegasse a
ver tal coisa, porém dava por si dizendo isso todos os dias."
Thomas Pynchon (1937-). Contra o dia (2006). São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 1045
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