"Ela era apenas um dígito no universo binário da entidade que a
controlava, desde os esconsos de um longínquo mainframe. Ela e todos que
ali trabalhavam. E para consolidar a excelência de seus serviços, para
obstar mensagens de erro ou de obsolescência que os expusessem às razias
da tecla punitiva, já renegavam seus sentidos, já não reconheciam
sentimentos, já eram soldados da era do silício e até prefeririam que
lhes substituíssem as células nervosas por plaquetas de transistores,
diodos e circuitos integrados. Já não eram integralmente humanos e, ao
invés de algozes, eles também eram as vítimas, marchando como marcham os
bois de canga, a pontaços de picana."
Sergio Faraco. A Dama do Bar Nevada, p. 81
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