"Era um sábado à tarde. Eu estava num bairro onde nunca tinha
colocado os pés, com um endereço anotado num pedaço de papel, dirigindo
meu carro e ao mesmo tempo observando as placas de sinalização. Parecia
uma barata tonta, não encontrava a rua que queria. Nisso o sinal fechou e
eu parei atrás de um caminhão, em cujo para-choque estava escrito: 'Não
me siga que eu também estou perdido'.
Comecei a rir da
coincidência, tive vontade de descer e ir até a boleia abraçar meu
companheiro de infortúnio. Somos dois, meu irmão. Aliás, somos mais do
que dois. Somos muitos. Somos todos."
Martha Medeiros (1961-). Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 197
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