"Overdose de realidade é a ruína do ser humano. Há que se ter uma
janela, uma porta, uma escada para o imaginário, para o idílico – ou
para o tormento, que seja. Ninguém é uma coisa só, ninguém é tão único,
tão encerrado em si próprio, tão refém do que lhe foi ensinado. Desde
cedo fica evidente que nosso potencial é múltiplo, que há um deus e um
diabo morando no mesmo corpo. Como segurar a onda? Fugindo de casa, mas
fugindo com sabedoria, sem droga, sem violência – fugindo para se
reencontrar através da arte, através do espetáculo da criação, mesmo que
sejamos nossa única plateia. Cada um de nós tem obrigação de buscar uma
maneira menos burocrática de existir."
Martha Medeiros (1961-). Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 26
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