sexta-feira, 31 de julho de 2015

Resignação


"...ele, como Schwob em Samoa, já tinha iniciado uma viagem, uma viagem que não era em torno do sepulcro de um valente mas em torno de uma resignação, uma experiência em certo sentido nova, pois essa resignação não era o que comumente se chama resignação, nem mesmo paciência ou conformismo, mas era antes um estado de mansidão, uma humildade singular e incompreensível que o fazia chorar sem mais nem menos e em que sua própria imagem, o que Morini percebia de Morini, ia se diluindo de forma gradual e incontida, como um rio que deixa de ser rio ou como uma árvore que pega fogo no horizonte sem saber que está queimando."

Roberto Bolaño (1953-2003). 2666. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 114

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