sexta-feira, 24 de julho de 2015

Na estação



"Com alto-falante na mão, o funcionário da estação continua gritando, implorando, o sinal de partida do trem continua tocando quase que ininterruptamente e as máquinas das catracas continuam fazendo a leitura silenciosa das vastas informações dos cartões, dos bilhetes e dos passes. Os longos trens que chegam e partem em ciclos de alguns segundos vomitam as pessoas sistematicamente como se fossem gado acostumado e paciente, para em seguida sugarem tantas outras, e partem para a próxima estação fechando as portas impacientemente. Se alguém tiver o próprio pé pisado pela pessoa de trás no meio da multidão, subindo ou descendo a escada, e perder um dos sapatos, será impossível recuperá-lo. Ele irá desaparecer engolido pela areia movediça violenta chamada horário de pico."

Haruki Murakami (1949-). O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 308

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