"Levo a arma à minha têmpora e esfrego a lateral de minha cabeça contra o cano de metal.
É um pouco gostoso – quase como uma massagem – quando empurro o cano da P-38 com mais força no ponto mais macio do meu crânio.
É como se a P-38 fosse uma chave-mestra que tento encaixar em um antigo
cadeado e quando fizer a conexão ouvirei um clique e uma porta se
abrirá, eu entrarei e me salvarei.
– Gire a chave, Leonard – murmuro para mim mesmo. – Você só precisa
apertar o dedo indicador e tudo ficará bem. Seus pensamentos vão parar.
Sem mais problemas. Você poderá finalmente apenas descansar.
Estou a ponto de puxar o gatilho quando outra pergunta aleatória surge em minha cabeça.
Pergunto-me se Linda já se lembrou de que hoje é meu aniversário.
Por alguma razão, isso me parece importante agora e quanto mais eu me pergunto, mais percebo que não posso morrer sem saber a resposta.
Baixo a P-38 e verifico as mensagens de voz em meu telefone.
Não há nenhuma.
Verifico o meu e-mail.
Nada.
Nem qualquer mensagem de texto.
Eu rio – quero dizer, eu uivo, porque parece tão apropriado por algum motivo.
Que aniversário esse.
Que vida.
Ergo a P-38 e volto a pressionar o cano em minha têmpora.
Fecho os olhos.
Aperto o gatilho."
Matthew Quick (1973-). Perdão, Leonard Peacock. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. p. 166-7
Estou a ponto de puxar o gatilho quando outra pergunta aleatória surge em minha cabeça.
Pergunto-me se Linda já se lembrou de que hoje é meu aniversário.
Por alguma razão, isso me parece importante agora e quanto mais eu me pergunto, mais percebo que não posso morrer sem saber a resposta.
Baixo a P-38 e verifico as mensagens de voz em meu telefone.
Não há nenhuma.
Verifico o meu e-mail.
Nada.
Nem qualquer mensagem de texto.
Eu rio – quero dizer, eu uivo, porque parece tão apropriado por algum motivo.
Que aniversário esse.
Que vida.
Ergo a P-38 e volto a pressionar o cano em minha têmpora.
Fecho os olhos.
Aperto o gatilho."
Matthew Quick (1973-). Perdão, Leonard Peacock. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. p. 166-7
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