"...no terraço a gente só ouvia o ruído alegre do alumínio das
panelas, e eu estava achando muito bom que fosse tudo exatamente assim,
quando ela me perguntou 'que que você tem?', mas eu, sentindo o cheiro
poderoso do café que já vinha em grossas ondas do coador lá na cozinha,
eu não disse nada, sequer lhe virei o rosto, continuei alisando o Bingo,
meu vira-lata, e fui pensando que o primeiro cigarro da manhã, aquele
que eu acenderia dali a pouco depois do café, era, sem a menor sombra de
dúvida, uma das sete maravilhas.
Raduan Nassar (1935-). Um copo de cólera (1978). São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 27-28
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