"A multidão – Lew esperava encontrar apenas um punhado de
descontentes – era grande, e depois de algum tempo começou a transbordar
pela rua. Desempregados vindos de outras cidades, exaustos, sujos,
flatulentos, carrancudos... estudantes procurando oportunidades de
traquinadas... Mulheres em número surpreendente, ostentando as marcas de
suas profissões, cicatrizes deixadas pelas lâminas das máquinas de
embalar carne, olhos cansados de tanto costurar além da hora de dormir
em salas mal iluminadas sem relógio,
mulheres de lenço na cabeça, mantilhas de crochê, chapéus extravagantes
com flores, outras sem chapéu algum, mulheres que só queriam descansar
os pés depois de tantas horas levantando coisas, carregando coisas,
caminhando pelas avenidas dos desempregados, suportando os insultos do
dia..."
Thomas Pynchon (1937-). Contra o dia (2006). São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 54
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