"Somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá
respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, só que minhas
profundidades são no ar da noite. A noite é o nosso estado latente. E é
tão úmida que nascem plantas. Em casa as luzes se apagam para que se
ouçam mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos andem sobre as
folhas quase sem as tocarem, as folhas, as folhas, as folhas – na noite a
ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é um meio de
transporte."
Clarice Lispector (1920-1977). A paixão segundo G.H. (1964). Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. p. 135
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