"...eu só sei que pra cobrir a fúria da arrancada do seu carro eu
quase estourei a boca com o meu 'foda-se' e não vendo mais as pernas do
seu Antônio, só o arbusto se mexendo, mobilizei todos os meus foles e
berrei um 'puta-que-pariu-todo-mundo!', rasgando o peito, rebentando
co'a jugular, me regalando grandemente co'a volúpia do meu escândalo,
notando uma janela recatada da colina em frente se abrir e fechar numa
só ventania, mas eu berrava 'fodam-se' 'fodam-se' e com isso ia pondo
pra fora o bofe, a carniça e o bucho, enquanto via surpreso e comovido o
meu avesso, e sentia até vontade de virar cambotas de macaco no
gramado."
Raduan Nassar (1935-). Um copo de cólera (1978). São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 78
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