quinta-feira, 17 de março de 2016

No oeste

"As imensas distâncias silenciosas do oeste. Onde a morte das pessoas não tem importância. A morte de espécies inteiras não tem importância. A única realidade é o Tempo: o drama natural da terra é o Tempo. Na civilização, essa verdade tão simples é obscurecida. No oeste, não se pode escapar disso. Todas as coisas estão mudando, afundando, sofrendo erosão. Na minha vida, um simples dia (uma simples hora!, quando eu estive doente de amor por Vernor Matheius) era percebido como algo profundo. No oeste, um simples dia não era nada. Um ano, uma vida inteira – nada. O piscar de um olho. Tampouco havia qualquer coisa a dizer da beleza terrivelmente selvagem das formações de rochas avermelhadas pelas quais passei dirigindo, e assim eu nada diria sobre elas. A morte do meu pai não faria sombra ali. Tudo ali era tragado numa superexposição de luz."

Joyce Carol Oates (1938-). Levo você até lá (2002). São Paulo: Globo, 2004, p. 310

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