domingo, 20 de março de 2016

Livros de papel

“E ela está falando de livros. Do seu livro, o recém-lançado Words Onscreen: The Fate of Reading in a Digital World, e dos livros em geral, em papel ou não. As conclusões, que ela apurou de vários estudos realizados nos últimos anos em diversos países, são consistentes e fascinantes: os livros de papel, que deveriam ter morrido com a explosão digital, estão mais vivos do que nunca. A razão, Naomi diz, que todas pesquisas concluem é simples: para a aquisição rápida de informação, preferimos as telas de computadores, tablets, smartphones; para a leitura profunda, aquela que, nas palavras dela, ‘mudam vidas, que é o que os bons livros devem fazer’, optamos pelos livros.

Não pensem que essas são conclusões extraídas de pesquisas com gente de meia idade, da geração anterior à era digital. Muito pelo contrário: a pesquisa mais recente e mais vasta, que Naomi usou como coração da sua obra, envolveu adolescentes e jovens entre 17 e 26 anos. E não deixou a menor dúvida. O livro, segundo eles, oferece imersão, experiência individual, ‘sem interrupções’, diz um dos pesquisados, ‘sem barulhinhos na tela’, ‘obrigando a pensar’.

A entrevistadora pergunta a Naomi se isso não vai mudar no futuro, com a permanência das obras digitais e gerações com cérebros diferenciados, programados para as tarefas múltiplas e simultâneas. Ela diz que não. Mudanças substanciais na ‘fiação’ do cérebro humano demoram milênios, acrescenta. Estamos operando com a mesma fiação dos clássicos gregos — compreendemos a narrativa e a linguagem do mesmo modo, e é essa experiência, íntima e pessoal, que o livro traz.”

Ana Maria Bahiana, para o blog da Companhia das Letras, 19 de março de 2015. Jornada pelo coração da galáxia de Gutemberg: uma fábula. 

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