"As imensas distâncias silenciosas do oeste. Onde a morte das pessoas
não tem importância. A morte de espécies inteiras não tem importância. A
única realidade é o Tempo: o drama natural da terra é o Tempo. Na
civilização, essa verdade tão simples é obscurecida. No oeste, não se
pode escapar disso. Todas as coisas estão mudando, afundando, sofrendo
erosão. Na minha vida, um simples dia (uma simples hora!, quando eu
estive doente de amor por Vernor Matheius) era percebido como algo
profundo. No oeste, um simples dia não era nada. Um ano, uma vida
inteira – nada. O piscar de um olho. Tampouco havia qualquer coisa a
dizer da beleza terrivelmente selvagem das formações de rochas
avermelhadas pelas quais passei dirigindo, e assim eu nada diria sobre
elas. A morte do meu pai não faria sombra ali. Tudo ali era tragado numa
superexposição de luz."
Joyce Carol Oates (1938-). Levo você até lá (2002). São Paulo: Globo, 2004, p. 310
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