"Eu fiquei deitado no meu pequeno sarcófago de espaço. A
horizontalidade se derramava à minha volta. Eu era a carne do sanduíche
da sala. Eu me senti desperto para uma dimensão básica que tinha
negligenciado durante anos de movimento ereto, de estar de pé, correr,
parar, saltar, de caminhar infinitamente ereto de um lado da quadra para
o outro. Eu tinha me concebido durante anos como algo basicamente
vertical, estranho caule aforquilhado com matéria e sangue. Agora eu me
sentia mais denso; mais solidamente composto, agora que era horizontal.
Impossível alguma coisa me derrubar."
David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 920
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