"Mostrar à mosca como escapar de dentro da garrafa era a esperança da
vida de Ludwig Wittgenstein, mas a verdade é que o ser humano não quer
escapar da garrafa; estamos sempre encantados, subjugados pelo interior
da garrafa; suas paredes de vidro nos acariciam e nos consolam; suas
paredes de vidro são o perímetro de nossa experiência e da nossa
aspiração; a garrafa é a nossa pele, nossa alma; estamos acostumados às
distorções visuais do vidro; não desejaríamos ver claramente, sem a
barreira do vidro; não poderíamos respirar um ar mais fresco; não
poderíamos sobreviver fora da garrafa."
Joyce Carol Oates (1938-). Levo você até lá (2002). São Paulo: Globo, 2004, p. 215
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