"Depois da fase inicial tipo hamster-alucinado-dentro-do-cérebro do
começo da Abstinência e da desintoxicação, Bruce Green agora voltou a
seu estado cerebral psicorreprimido normal em que tem cerca de uma ideia
plenamente desenvolvida a cada sessenta segundos, e só uma de cada vez,
uma ideia, cada uma delas se materializando totalmente desenvolvida e
ficando ali paradinha e aí sumindo como num lânguido monitor de cristal
líquido. O conselheiro dele na Ennet, o extremamente ríspido
Calvin T., reclama que ficar ouvindo o Green é como ouvir uma torneira
que pinga muito lentamente. O resumo da ópera dele é que Green não
parece sereno ou desconectado da realidade mas totalmente desligado,
desassociado, e Calvin T. tenta semanalmente fazer Green se ligar
deixando ele puto."
David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 595
Nenhum comentário:
Postar um comentário