sexta-feira, 13 de março de 2015

O Porco Medonho


"Geoffrey Day percebeu que a maioria dos residentes homens da Ennet tem cognomezinhos especiais para a genitália. P. ex. 'Bruno', 'Jake', 'Presa' (Minty), 'O Monge Caolho', 'Fritz', 'Nicanor o Músculo do Amor'. Ele especula que pode ser uma coisa de classe social: nem ele nem Ewell nem Ken Erdedy deram nome para suas Unidades. Como Ewell, Day registra uma certa quantidade de dados de natureza comparativa no seu diário. Doony Glynn chamava o pênis de 'Pobre Ricardinho'; Chandler Foss confessou adotar o apelido 'Bam-Bam'. Lenz se referia à própria Unidade como 'O Porco Medonho'. Day ia morrer antes de admitir que sentia falta ou de Lenz ou de seus solilóquios sobre o Porco, que eram frequentes. O pênis em questão era aqueles curiosos dois ou três tons mais escuro que o resto de Lenz que os pênis das pessoas às vezes são. Lenz brandia aquilo para os colegas de quarto sempre que queria enfatizar algo que dizia. Era curto, grosso e rombudo, e Lenz descrevia o Porco como um exemplo cabal do que ele chamava de Praga Polonesa, a saber, comprimento medíocre mas circunferência considerável: 'Não machuca o fundo mas detona com as laterais, mano'. Era essa a descrição dele da Praga Polonesa."

David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 708

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