quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Talento ilimitado



"A Fragata Millicent Kent contou ao Mario que embora reconhecesse ser uma grande jogadora, c/ um atordoante estilo arraste-o-caveirão-para-a-rede-e-cresça-como-um-titã-pra-cima-da-adversária na tradição do jogo de força de Betty Stove/Venus Williams, e destinada a um futuro quase ilimitado no Circuito, ela ia confiar a ele aqui em segredo que ela nunca gostou de verdade do tênis competitivo, que o seu verdadeiro amor e paixão era a dança interpretativa moderna, atividade para a qual ela admitia ter dons e talentos menos inconscientemente naturais a empregar, mas que adorava, e que tinha passado praticamente cada minuto seu fora de quadra quando menininha treinando de malha justa na frente de um espelho extralargo no quarto dela em casa na pacata Montclair, NJ, mas que o tênis era onde ela tinha um talento ilimitado e ganhava afagos psíquicos e ofertas de bolsas em internatos...".

David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 128-9

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