"...Schtitt lidava com o tênis competitivo mais como um matemático
puro do que como um engenheiro. A maioria dos técnicos de tênis juvenil é
basicamente de engenheiros, uns nerdzinhos práticos mão-na-massa,
resolvedores-de-problemas tipo-trator, obcecados por dados estatísticos,
com de repente uma quedinha a mais por psicologia de curto prazo e
discursos motivacionais. (...) Schtitt sabia que o tênis de verdade não
era a mistura de organização estatística e potencial expansivo
que os engenheiros do jogo reverenciavam, mas na verdade o contrário –
'não' organização, 'limite', os lugares em que as coisas se rompem em
cacos e beleza. (...) infinidade de infinidades de escolha e execução,
limitada pelo talento e pela imaginação do eu e do adversário, recurvada
sobre si própria pelas fronteiras delimitadoras da habilidade e da
imaginação que derrubavam finalmente um dos jogadores, que evitavam que
ambos vencessem, que faziam daquilo, finalmente, um jogo, essas
fronteiras do eu."
David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 86-7
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