quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

cacos e beleza


"...Schtitt lidava com o tênis competitivo mais como um matemático puro do que como um engenheiro. A maioria dos técnicos de tênis juvenil é basicamente de engenheiros, uns nerdzinhos práticos mão-na-massa, resolvedores-de-problemas tipo-trator, obcecados por dados estatísticos, com de repente uma quedinha a mais por psicologia de curto prazo e discursos motivacionais. (...) Schtitt sabia que o tênis de verdade não era a mistura de organização estatística e potencial expansivo que os engenheiros do jogo reverenciavam, mas na verdade o contrário – 'não' organização, 'limite', os lugares em que as coisas se rompem em cacos e beleza. (...) infinidade de infinidades de escolha e execução, limitada pelo talento e pela imaginação do eu e do adversário, recurvada sobre si própria pelas fronteiras delimitadoras da habilidade e da imaginação que derrubavam finalmente um dos jogadores, que evitavam que ambos vencessem, que faziam daquilo, finalmente, um jogo, essas fronteiras do eu."

David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 86-7

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