"Até onde Schacht vê, a postura filosófica de Schitt é que para
ganhar um número suficiente de vezes para ser considerado um sucesso
você tem tanto que ligar muito para aquilo tudo quanto não ligar nada.
Schacht não liga o bastante, provavelmente, não mais, e encarou o seu
gradual afastamento da equipe A de simples da ATE com uma equanimidade
que alguns dos ATEs acharam espiritual e outros o mais claro sinal de
bunda-molice e de fim-de-linha. (...) Hal de um jeito esquisito e
interno quase meio que admira e inveja Schacht ter se entregado
estoicamente às profissões orais e parado de sonhar com chegar ao
Circuito depois de se formar – um ar de algo diferente de fracasso no
desligamento de Schacht, algo que não se pode definir direito, como você
não consegue lembrar direito uma palavra que você sabe que sabe, por
dentro – Hal não consegue sentir direito o desprezo pela queda
competitiva de Teddy Schacht que seria um desprezo basicamente natural
em alguém que ligasse tão tremendissimamente tanto, e assim os dois
tendem a se decidir por não falar do assunto (...)".
David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 277-8
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