quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Cair de novo



"São as manhãs depois dos sonhos com aranhas e alturas que doem mais, quando às vezes são necessários três cafés e dois banhos e às vezes uma corrida para afrouxar a mão que lhe aperta a garganta da alma; (...) essas manhãs mais negras abrem dias em que Orin por horas a fio mal consegue imaginar como é que ele há de chegar ao fim do dia. (...) – a certeza que a alma tem de que o dia terá não que ser atravessado mas como que escalado, verticalmente, e de que ir dormir de novo no fim do dia vai ser como cair, de novo, de algum lugar alto e íngreme."

David Foster Wallace (1962-2008). Graça infinita (1996). São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 51

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