"Bem, os policiais têm minha colher e meu conta-gotas e sei que estão
prestes a captar minha frequência graças à ajuda de um informante cego
chamado Willy Discoidal. Willy possui uma boca em formato de disco,
redonda e cercada de pelos negros, sensíveis e eriçados. Ficou cego
quando aplicou uma injeção no próprio globo ocular, seu nariz e seu céu
da boca foram carcomidos de tanto cheirar heroína, e seu corpo tornou-se
uma maçaroca de cascas de ferida duras e ressecadas como madeira. Agora
só lhe resta comer a droga usando aquela boca, às vezes projetando um
comprido tubo ectoplasmático que oscila em busca da silenciosa
frequência da junk."
William S. Burroughs (1914-1997). Almoço nu (1959). São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 15-16
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