quarta-feira, 11 de maio de 2016

Bendita

"Bendita a espécie extinta,
a que voltou ao repouso em sua origem
e não peregrina mais,
benditos todos que no cativeiro,
por ânsia de eternidade multiplicam-se,
bendito o modo como tudo é feito.
Ancestrais, luxuoso nome
para quem apenas errou antes de nós!
Benditos,
bendita a hora da tarde
em que uma serva repousa
descansada de dor e de consolo."


Adélia Prado. A faca no peito (1988). In: Poesia reunida. São Paulo: Arx, 1991, p. 460

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