"A Doença é a dependência de drogas, e por quinze anos fui um
dependente. Quando falo em dependência, estou dizendo que era viciado em
junk (um termo genérico para o ópio e/ou seus derivados, incluindo
todos os sintéticos, de Demerol a Palfium). Usei diversos tipos de junk:
morfina, heroína, Dilaudid, cucodal, Pantopon, Diocodid, Diosane, ópio,
Demerol, Dolofina e Palfium. Fumei junk, comi junk, cheirei junk,
apliquei junk na veia, na pele, no músculo, enfiei supositórios de junk
no reto. A agulha não importa. Tanto faz se você cheira, fuma, come ou
enfia no cu, pois o resultado é sempre o mesmo: dependência. [...]
O mundo da junk é moldado em posse e monopólio. O dependente permanece
imóvel enquanto é levado por suas pernas de viciado até mais uma recaída
na junk. O envolvimento com junk é perfeito e quantitativamente
mensurável. Quanto mais junk você usa, menos você tem, e quanto mais
você tem, mais você usa. [...]
Junk é o produto ideal... a mercadoria suprema. O vendedor não precisa de lábia. O cliente se arrasta pelo meio do esgoto implorando uma chance de comprar... O vendedor de junk não vende seu produto ao consumidor; vende o consumidor ao seu produto. Não melhora nem otimiza sua mercadoria. Piora a qualidade da mercadoria e otimiza o cliente. Paga seus funcionários em junk."
William S. Burroughs (1914-1997). Almoço nu (1959). São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 263;265
Junk é o produto ideal... a mercadoria suprema. O vendedor não precisa de lábia. O cliente se arrasta pelo meio do esgoto implorando uma chance de comprar... O vendedor de junk não vende seu produto ao consumidor; vende o consumidor ao seu produto. Não melhora nem otimiza sua mercadoria. Piora a qualidade da mercadoria e otimiza o cliente. Paga seus funcionários em junk."
William S. Burroughs (1914-1997). Almoço nu (1959). São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 263;265
Nenhum comentário:
Postar um comentário