"Era intrigante para mim que suas cortinas estivessem quase sempre
abaixadas até os peitoris das janelas. Houve vezes em que vi uma sombra
passando por detrás de uma das cortinas, a silhueta fugaz de um homem;
contudo, era tão indistinta que eu tinha certeza de estar olhando para a
ideia de V. Matheius e não para o homem propriamente dito; pensei na
alegoria da caverna de Platão, e como a espécie humana se deixa iludir
por sombras; a espécie humana engana a si mesma com as sombras, e,
todavia, qual é o conforto que isso traz? 'E ele não sabendo que eu
estou aqui, que eu existo. Eu sou invisível para ele'.
Minha face nua, puro anseio feminino."
Joyce Carol Oates (1938-). Levo você até lá (2002). São Paulo: Globo, 2004, p. 120
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