“Aqui
no Ocidente, um estilo de vida baseado em gastos desnecessários foi
propositalmente cultivado e encorajado no público pelos grandes
negócios. Empresas de todos os tipos apostam alto na tendência do
público em ser descuidado com o seu dinheiro. (...)
As grandes empresas não ganharam seus milhões promovendo seriamente as qualidades dos seus produtos, mas criando uma cultura de centenas de milhões de pessoas que compram bem mais do que precisam e tentam afastar a insatisfação com dinheiro. (...)
A ferramenta definitiva das empresas para sustentar esse tipo de cultura é desenvolver as 40 horas de trabalho por semana como o estilo de vida normal. Com essas condições de trabalho, as pessoas precisam ‘viver’ à noite e nos fins de semana. Esta configuração nos deixa naturalmente mais propensos a gastar muito com entretenimento e conveniências [concentrados em ‘pacotes’, tudo muito prático – e caro], já que o nosso tempo livre é tão escasso. (...)
Faz poucos dias que eu voltei a trabalhar e já percebi que as atividades mais saudáveis que eu realizava estão rapidamente desaparecendo da minha vida: caminhar, me exercitar, ler, meditar e escrever.
A similaridade evidente entre essas atividades é que elas custam muito pouco ou nenhum dinheiro, mas exigem tempo. (...)
A última coisa que eu quero fazer quando chego em casa é me exercitar. Também é a última coisa que eu quero fazer depois do jantar ou antes de dormir ou assim que eu acordo, e esses seriam os únicos momentos possíveis para fazer isso num dia de semana.
Esse parece ser um problema simples com uma solução simples: trabalhar menos para ter mais tempo livre. Eu já provei para mim mesmo que posso ter um estilo de vida que me satisfaz com menos dinheiro do que eu ganho hoje. Infelizmente, isso é praticamente impossível na empresa onde trabalho, e em muitas outras. Ou você trabalha as suas oito horas por dia, ou não trabalha. (...)
(...) o dia de trabalho com oito horas é muito lucrativo para as grandes empresas, não graças à quantidade de trabalho realizado nessas oito horas (o trabalhador médio de escritório trabalha de fato menos de três dessas oito horas), mas porque faz com que as pessoas se tornem mais propensas a comprar. Fazer com que as pessoas tenham pouco tempo livre significa que elas vão pagar bem mais por conveniência, prazer e qualquer outro alívio que possam comprar. (...)
Fomos conduzidos a uma cultura projetada para nos deixar cansados, famintos por complacência, dispostos a pagar muito por conveniência e entretenimento e, o mais importante, vagamente insatisfeitos com as nossas vidas, a ponto de continuarmos querendo coisas que não temos. Nós compramos tanto porque sempre parece que tem alguma coisa faltando na nossa vida. (...)
Eu não acho que seja necessário afastar-se de todo desse mau sistema e ir viver na floresta fingindo ser um surdo-mudo, como Holden Caulfield sonhava. Mas com certeza seria bom que a gente tivesse plena consciência do que o grande comércio realmente deseja de nós. Eles vêm trabalhando há décadas para criar milhões de consumidores ideais, e eles conseguiram. A não ser que você seja uma verdadeira anomalia, o seu estilo de vida foi previamente projetado.”
David Cain. Trechos do artigo “Your Lifestyle Has Already Been Designed”. In: raptitude.com. Uma tradução completa do artigo pode ser encontrada no site papodehomem.com.br
As grandes empresas não ganharam seus milhões promovendo seriamente as qualidades dos seus produtos, mas criando uma cultura de centenas de milhões de pessoas que compram bem mais do que precisam e tentam afastar a insatisfação com dinheiro. (...)
A ferramenta definitiva das empresas para sustentar esse tipo de cultura é desenvolver as 40 horas de trabalho por semana como o estilo de vida normal. Com essas condições de trabalho, as pessoas precisam ‘viver’ à noite e nos fins de semana. Esta configuração nos deixa naturalmente mais propensos a gastar muito com entretenimento e conveniências [concentrados em ‘pacotes’, tudo muito prático – e caro], já que o nosso tempo livre é tão escasso. (...)
Faz poucos dias que eu voltei a trabalhar e já percebi que as atividades mais saudáveis que eu realizava estão rapidamente desaparecendo da minha vida: caminhar, me exercitar, ler, meditar e escrever.
A similaridade evidente entre essas atividades é que elas custam muito pouco ou nenhum dinheiro, mas exigem tempo. (...)
A última coisa que eu quero fazer quando chego em casa é me exercitar. Também é a última coisa que eu quero fazer depois do jantar ou antes de dormir ou assim que eu acordo, e esses seriam os únicos momentos possíveis para fazer isso num dia de semana.
Esse parece ser um problema simples com uma solução simples: trabalhar menos para ter mais tempo livre. Eu já provei para mim mesmo que posso ter um estilo de vida que me satisfaz com menos dinheiro do que eu ganho hoje. Infelizmente, isso é praticamente impossível na empresa onde trabalho, e em muitas outras. Ou você trabalha as suas oito horas por dia, ou não trabalha. (...)
(...) o dia de trabalho com oito horas é muito lucrativo para as grandes empresas, não graças à quantidade de trabalho realizado nessas oito horas (o trabalhador médio de escritório trabalha de fato menos de três dessas oito horas), mas porque faz com que as pessoas se tornem mais propensas a comprar. Fazer com que as pessoas tenham pouco tempo livre significa que elas vão pagar bem mais por conveniência, prazer e qualquer outro alívio que possam comprar. (...)
Fomos conduzidos a uma cultura projetada para nos deixar cansados, famintos por complacência, dispostos a pagar muito por conveniência e entretenimento e, o mais importante, vagamente insatisfeitos com as nossas vidas, a ponto de continuarmos querendo coisas que não temos. Nós compramos tanto porque sempre parece que tem alguma coisa faltando na nossa vida. (...)
Eu não acho que seja necessário afastar-se de todo desse mau sistema e ir viver na floresta fingindo ser um surdo-mudo, como Holden Caulfield sonhava. Mas com certeza seria bom que a gente tivesse plena consciência do que o grande comércio realmente deseja de nós. Eles vêm trabalhando há décadas para criar milhões de consumidores ideais, e eles conseguiram. A não ser que você seja uma verdadeira anomalia, o seu estilo de vida foi previamente projetado.”
David Cain. Trechos do artigo “Your Lifestyle Has Already Been Designed”. In: raptitude.com. Uma tradução completa do artigo pode ser encontrada no site papodehomem.com.br
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