“– Esta cidade está cheia de ecos. Parece até que estão trancados no
oco das paredes ou debaixo das pedras. Quando você caminha, sente que
vão pisando seus passos. Ouve rangidos. Risos. Umas risadas já muito
velhas, como cansadas de rir. E vozes já desgastadas pelo uso. Você ouve
tudo isso. Acho que vai chegar o dia em que esses sons se apagarão.
Isso era o que Damiana Cisneros vinha me dizendo, enquanto atravessávamos a cidade.
– Teve um tempo em que andei ouvindo durante muitas
noites o barulho de uma festa. Os ruídos chegavam até a Media Luna.
Cheguei perto para ver aquela animação e vi isto: o que estamos vendo
agora. Nada. Ninguém. As ruas tão solitárias como estão agora.”
Juan Rulfo (1917-1986). Pedro Páramo (1955). Rio de Janeiro: BestBolso, 2008, p. 53
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