"Com alto-falante na mão, o funcionário da estação continua gritando,
implorando, o sinal de partida do trem continua tocando quase que
ininterruptamente e as máquinas das catracas continuam fazendo a leitura
silenciosa das vastas informações dos cartões, dos bilhetes e dos
passes. Os longos trens que chegam e partem em ciclos de alguns segundos
vomitam as pessoas sistematicamente como se fossem gado acostumado e
paciente, para em seguida sugarem tantas outras, e partem para a
próxima estação fechando as portas impacientemente. Se alguém tiver o
próprio pé pisado pela pessoa de trás no meio da multidão, subindo ou
descendo a escada, e perder um dos sapatos, será impossível recuperá-lo.
Ele irá desaparecer engolido pela areia movediça violenta chamada
horário de pico."
Haruki Murakami (1949-). O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 308
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