"Dizia-se que o poeta e o filósofo eram amantes, mas a verdade é que não pareciam amantes. Um tinha casa, ideias e dinheiro, o outro tinha a lenda, os versos e o fervor dos incondicionais, um fervor canino, de cachorros surrados a pau que caminharam toda a noite ou toda a juventude debaixo da chuva, o infinito temporal de caspa da Espanha, e que por fim encontraram um lugar onde enfiar a cabeça, ainda que esse lugar seja uma lata de água putrefata, com um ar ligeiramente familiar."
Roberto Bolaño (1953-2003). 2666. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 169
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