"– Está bem –, me acompanhe até em casa e lá vou lhe dar um pouco de dinheiro, e depois você vai para onde quiser.
Queria se livrar de mim na noite, o quanto antes. Era sempre assim. De tanto ser empurrado desse jeito na noite, a gente deve acabar chegando em algum lugar, eu pensava cá comigo. Era um consolo. 'Coragem, Ferdinand', eu repetia, para me aguentar, 'de tanto ser posto no olho da rua em todo lugar você certamente há de acabar descobrindo o troço que lhes dá tanto medo, a todos eles, a todos esses filhos da puta, sejam quantos forem, e que deve estar no fim da noite. É por isso que eles não vão até lá, até o fim da noite!'."
Louis-Ferdinand Céline (1894-1961). Viagem ao fim da noite (1932). São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 236
Nenhum comentário:
Postar um comentário