"Quando passávamos juntos pelas ruas movimentadas, as pessoas se viravam para trás e ficavam com pena dele, do cego. Elas têm muita pena, as pessoas, dos inválidos e dos cegos e pode-se dizer que têm amor em estoque. Diversas vezes senti o que era o amor em estoque. Há enormemente. Não se pode dizer que não. Só que é triste que elas continuem a ser tão ruins com tanto amor em estoque, as pessoas. A coisa não sai, é isso. Agarra-se lá dentro, permanece dentro, não lhes serve para nada. Elas morrem por dentro, de amor."
Louis-Ferdinand Céline (1894-1961). Viagem ao fim da noite (1932). São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 416
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