domingo, 2 de fevereiro de 2014

O poder não é uma cura



"A essa altura já há muitas pessoas temendo por seus empregos, há muitas pessoas comprando carros, aparelhos de tevê, casas, créditos estudantis. Crédito e propriedade e um trabalho de oito horas são grandes amigos do Establishment. Se vocês precisam comprar coisas, usem apenas dinheiro, e só comprem aquilo que tenha real valor — nada de bugigangas ou engenhocas. Tudo o que vocês possuem deve caber dentro de uma mala; só então suas mentes poderão estar livres. E antes que vocês enfrentem as tropas nas ruas, DECIDAM e SAIBAM o que estão fazendo, quem colocarão no lugar dos que aí estão e por quê. Slogans românticos não farão o serviço. Tenham um programa definido, com palavras claras, pois se vocês VENCEREM terão uma forma de governar decente e adequada. Pois tenham em mente que em todos os movimentos há oportunistas, gente ávida de poder, lobos sob vestes revolucionárias. São esses os homens que derrubam uma causa. Estou do lado dos que querem um mundo melhor, para minha filha, para mim mesmo, para vocês, mas é preciso ter cuidado. Uma mudança no poder não significa uma cura. Entregar o poder às pessoas não é uma cura. O poder não é uma cura."

Charles Bukowski (1920-1994). Pedaços de um caderno manchado de vinho. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 122

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