"E agora me lembro: no Ribeirão Entre-Ribeiros, o senhor vá ver a
fazenda velha, onde tinha um cômodo quase do tamanho da casa, por
debaixo dela, socavado no antro do chão – lá judiaram com escravos e
pessoas, até aos pouquinhos matar... Mas, para não mentir, lhe digo: eu
nisso não acredito. Reconditório de se ocultar ouro, tesouro e armas,
munição, ou dinheiro falso moedado, isto sim. O senhor deve de ficar
prevenido: esse povo diverte por demais com a baboseira, dum traque de
jumento formam tufão de ventania. Por gosto de rebuliço.
Querem-porque-querem inventar maravilhas glorionhas, depois eles mesmos
acabam temendo e crendo. Parece que todo o mundo carece disso. Eu acho,
que."
João Guimarães Rosa (1908-1967). Grande Sertão: Veredas (1956). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 90
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