"Naquela noite não desgrudei dela. Ficamos um instante na cafeteria que pouco a pouco foi se esvaziando de estudantes e professores, no fim ficamos só nós duas, a faxineira e um homem de meia-idade, um sujeito muito simpático e muito triste que atendia no balcão. Depois nos levantamos (ela disse que a cafeteria naquela hora parecia sinistra; eu calei minha opinião, mas agora não vejo por que não dá-la: a cafeteria naquela hora me parecia magnífica, gasta e majestosa, pobre e libérrima, penetrada pelos últimos esplendores do sol do vale, uma cafeteria que me pedia com um sussurro que ficasse ali até o fim e lesse um poema de Rimbaud, uma cafeteria pela qual valia a pena chorar)...".
Roberto Bolaño (1953-2003). Amuleto (1999). São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 40
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