domingo, 23 de outubro de 2016
BUK
"o mundo tem estado mais escuro que um apagão
dentro de um cubículo cheio de morcegos famintos"
------------
"e eu cerrei meus punhos
bem fundo em meus
bolsos, agarrei a escuridão
e segui em frente."
------------
"e nossos poucos bons momentos serão raros
porque temos um senso crítico
e não somos fáceis de enganar com risadas"
------------
"e em todo lugar todas as coisas iam correndo,
cruéis e não cruéis, aranhas e vagabundos
e soldados e jogadores e loucos"
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015
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esperar
"é melhor fazer caminhadas tarde da
noite.
é melhor fazer seus negócios apenas às
segundas e
terças-feiras.
é melhor ficar em um quartinho
com as cortinas fechadas
e
esperar.
noite.
é melhor fazer seus negócios apenas às
segundas e
terças-feiras.
é melhor ficar em um quartinho
com as cortinas fechadas
e
esperar.
os homens mais fortes são a minoria
e as mulheres mais fortes morrem sozinhas
também."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 49
e as mulheres mais fortes morrem sozinhas
também."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 49
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Com o resto do lixo
"o desperdício de palavras
continua com uma espantosa
persistência
enquanto o garçom passa correndo com a bandeja
lotada
para todos aqueles garotos espertos que riem
de nós.
pouco importa. pouco importa.
enquanto os cadarços dos seus sapatos estiverem
amarrados e
ninguém chegar perto demais
por trás.
só ser capaz de lixar-se e
ser indiferente já é vitória
o bastante.
essas mentes constipadas que buscam
sentidos mais amplos
serão despachadas com o resto
do lixo.
para fora.
se houver luz
ela o
encontrará."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 77
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Tudo certo com o mundo
"ele acreditava que tudo estava
certo com o mundo.
e não dava para reclamar dele:
era um professor de carreira que nunca havia
estado na cadeia ou em um puteiro;
cujo carro usado nunca morreu
na autoestrada; que
nunca havia precisado de mais do que
três drinques durante a mais louca
das suas noitadas;
que nunca havia sido fichado, execrado ou
levado porrada;
que nunca havia sido mordido por um cachorro;
que recebia regularmente cartas cordiais de Gary
Snyder, e cujo rosto era
amável, sem marcas e
carinhoso. finalmente,
sua mulher nunca o havia traído
muito menos sua sorte."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 81
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Un poema de Corso
"Belano
recuerda un poema de Gregory Corso, en donde el desdichado poeta
norteamericano hablaba de su único amor, una egipcia muerta hace dos mil
quinientos años, [...] una muchacha que sale del baño o de un río o de
una piscina y el poeta beat (el entusiasta y desdichado Corso) la
contempla desde el otro lado del tiempo, y la muchacha egipcia de largas
piernas se siente contemplada, y eso es todo, el flirt entre la egipcia
y Corso es breve como un suspiro en la vastedad del tiempo, pero
también el tiempo y su lejana soberanía pueden ser un suspiro..."
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001). Barcelona: Anagrama, 2001, p. 205
Kafka e os livros
“É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a
torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas
livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não
nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para
que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes
do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem
felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos
de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos
assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a
nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para
longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser
um machado para o mar congelado que há dentro de nós.”
Franz Kafka (1883-1924). Diários
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The weak at war
"The
weak, at war, never know how hard they are hitting you." ["Os fracos,
na guerra, nunca sabem o quão forte eles estão batendo em você."]
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 226
As pessoas parecem flores finalmente
"ele a viu em uma loja de bebidas
e isso mexeu com ele
mexeu mexeu mexeu
igual a carne de tubarão ainda viva à luz do sol remexendo-se."
-----------------
"meus sapatos no armário como lírios
esquecidos,
meus sapatos agora sós
como cães andando por ruas mortas,
e eu recebi uma carta de uma
mulher em um hospital,
amor, ela diz, amor,
mas eu não lhe respondo,
eu não me entendo,
ela me envia fotografias
dela mesma
tiradas do hospital
e eu me lembro dela em outras
noites,
não morrendo,
seus sapatos com saltos como punhais
ao lado dos meus
no armário;
como aquelas noites fortes
mentiram por nós,
como aquelas noites ficaram quietas
enfim,
meus sapatos agora sós no armário,
sobrevoados por casacos e
camisas amassadas,
e eu olho para a abertura deixada
pela porta
e as paredes, e não
escrevo
uma resposta."
-----------------
"eu era tão amarelo de covardia quanto o sol talvez
mas também tão quente e tão verdadeiro quanto o sol
em algum lugar lá dentro de mim
mas nunca ninguém acharia esse lugar.
eu certamente acabaria para sempre chorando os blues em
uma
xícara de café em um parque para velhos jogarem
xadrez ou algum outro jogo bobo.
merda! merda!"
-----------------
"eu podia entender a lua inclinando-se sobre um bar no
beco
ao pedir um drinque, mas eu não podia entender nada
sobre mim mesmo
eu estava assassinado, eu era um merda, e era uma
matilha de cães,
eu era papoulas ceifadas por rajadas de metralhadora
eu era uma vespa presa em uma teia de aranha
eu era cada vez menos e menos e ainda assim tentando
alcançar
algo"
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015
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Poetas
"Conocí hace tiempo a tres hermanos argentinos que murieron
intentando la revolución en países diferentes de Latinoamérica. Los dos
mayores se traicionaron mutuamente y de paso traicionaron al menor. Éste
no cometió traición alguna, y murió, dicen, llamándolos, aunque lo más
probable es que muriera en silencio. Los hijos del león español, decía
Rubén Darío, un optimista nato. Los hijos de Walt Whitman, de José
Martí, de Violeta Parra; desollados, olvidados, en fosas comunes, en
el fondo del mar, sus huesos mezclados en un destino troyano que
espanta a los supervivientes. [...] Pienso en los poetas muertos en el
potro de tortura, en los muertos de sida, de sobredosis, en todos los
que creyeron en el paraíso latinoamericano y murieron en el infierno
latinoamericano."
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001). Barcelona: Anagrama, 2001, p. 214
domingo, 16 de outubro de 2016
Death
"As we approach, through technology, the phase of instantaneous
realization, of the realization of eternal human desires or fantasies,
of abolishing time and space the problem of boredom can only become more
intense. The human being, more and more oppressed by the peculiar terms
of his existence – one time around for each, no more than a single life
per customer – has to think of the boredom of death. O those eternities
of nonexistence! For people who crave continual interest and diversity, O! how boring death will be! To lie in the grave, in one place, how frightful!
Socrates tried to soothe us, true enough. He said there were only two
possibilities. Either the soul is immortal or, after death, things would
be again as blank as they were before we were born. This is not
absolutely comforting either."
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 203-204
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Anarquistas
“Somos anarquistas por un sentimiento que es la fuerza motriz de
todos los verdaderos reformadores sociales y sin el cual nuestro
anarquismo seria una mentira o un sin sentido. Este sentimiento es el
amor por los hombres, es el hecho de sufrir por los sufrimientos ajenos.
Si como, no puedo comer a gusto al pensar que algunos mueren de hambre;
si compro un juguete para mi hijo y me alegro de su felicidad, mi
alegría se amarga al ver ante el escaparate niños con los ojos anhelantes
que podrían ser felices con un títere de dos reales y no pueden
tenerlo; si me divierto, mi espíritu se entristece al recordar que en
prisión gimen muchos seres humanos; si estudio o realizo algún trabajo
que me gusta, siento algo así como un remordimiento al pensar que tantos
hombres con mayor ingenio que yo están obligados a desperdiciar su vida
en una ocupación alienante, muchas veces inútil o perjudicial...”.
Errico Malatesta (1853-1932), teórico e ativista anarquista italiano
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Ódio à inteligência
"Há, dividindo espaço com opressões próprias ao campo do saber, um
estranho ódio ao saber em sua forma crítica e desconstrutiva. Um ódio
que se relaciona com a ameaça libertária do saber, um saber capaz de
desmistificar, de contrastar certezas e de desvelar a ignorância que
serve de base para todos os preconceitos. O pensamento e a ousadia
intelectual tornaram-se insuportáveis para muitas pessoas chegando a um
nível institucional e, não raro, acabam excluídos ou mesmo
criminalizados."
Marcia Tiburi. Ódio à inteligência: sobre o anti-intelectualismo. Revista Cult
A educação atual produz zumbis
“Temos
um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra educação
para designar o que é apenas a transmissão de informações. É um programa
que rouba a infância e a juventude das pessoas, ocupando-as com um
conteúdo pesado, transmitido de maneira catedrática e inadequada. [...] O
nome educação é usado para designar algo que se aproxima de uma lavagem
cerebral. É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é
preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para
desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e
espontâneas.
[...] a educação funciona como um grande sistema de
seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames,
consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel
essencial que a educação deveria ter.”
Claudio Naranjo. A educação atual produz zumbis. Para epoca.globo.com
O dia do curinga
"— Minha casa é em lugar nenhum — prosseguiu ele. — Não sou de copas,
nem de ouros, nem de paus, nem de espadas. Também não sou rei ou
valete, nem oito, nem ás. Aqui estou eu, um simples curinga. E tive de
descobrir sozinho o que é ser um curinga. Toda vez que mexo a cabeça,
meus guizos tilintam e me lembram de que não tenho família, de que sou
sozinho. Não tenho um número nem um ofício. Não domino a arte de soprar
vidro dos anões de ouros, nem a arte da panificação dos anões
de copas; a mim me faltam as mãos habilidosas para lidar com a terra,
como as dos anões de paus, e também a força muscular dos anões de
espadas. Assim, tudo o que sempre fiz foi andar por aí observando tudo o
que os outros faziam. Em contrapartida, pude ver um monte de coisas
para as quais todos os outros sempre foram cegos."
Jostein Gaarder (1952-). O dia do curinga (1990). São Paulo: Companhia das Letras
Stupidity
"They're
talking about things of which they don't have the slightest
understanding, anyway. It's only because of their stupidity that they're
able to be so sure of themselves."
Franz Kafka (1883-1924). TheTrial (1925)
pois eles tinham coisas para dizer
"os canários estavam lá, e o limoeiro
e a mulher velha com verrugas;
e eu estava lá, uma criança
e eu tocava as teclas do piano
enquanto eles conversavam –
mas não tão alto
pois tinham coisas para dizer
todos os três;
e eu os espiava a cobrirem os canários à noite
com sacos:
'assim eles conseguem dormir, querido.'
e a mulher velha com verrugas;
e eu estava lá, uma criança
e eu tocava as teclas do piano
enquanto eles conversavam –
mas não tão alto
pois tinham coisas para dizer
todos os três;
e eu os espiava a cobrirem os canários à noite
com sacos:
'assim eles conseguem dormir, querido.'
eu toquei o piano bem baixo
uma nota por vez,
os canários sob seus sacos,
e havia pimenteiras,
pimenteiras roçando o telhado feito chuva
e pendendo de fora da janela
como chuva verde,
e eles conversavam, os três
sentados em um semicírculo na noite quente,
e as teclas eram pretas e brancas
e respondiam a meus dedos
como a magia secreta
de um mundo adulto à espera;
e agora eles se foram, todos os três
e eu estou velho:
pés de piratas pisotearam
os assoalhos bem varridos
da minha alma,
e os canários não cantam mais."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 13
uma nota por vez,
os canários sob seus sacos,
e havia pimenteiras,
pimenteiras roçando o telhado feito chuva
e pendendo de fora da janela
como chuva verde,
e eles conversavam, os três
sentados em um semicírculo na noite quente,
e as teclas eram pretas e brancas
e respondiam a meus dedos
como a magia secreta
de um mundo adulto à espera;
e agora eles se foram, todos os três
e eu estou velho:
pés de piratas pisotearam
os assoalhos bem varridos
da minha alma,
e os canários não cantam mais."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 13
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As pessoas parecem flores finalmente
"que cantoria prossegue nas
ruas –
as pessoas parecem flores
finalmente
a polícia guardou suas
insígnias
o exército rasgou seus uniformes e
destroçou suas armas. não há mais necessidade de
cadeias ou jornais ou hospícios ou
trancas nas portas.
uma mulher vem correndo até minha porta
ME COMA! ME AME!
ela grita.
ela é bela como um charuto
depois de jantar um bom filé. eu
a possuo.
mas depois de sua partida
eu me sinto esquisito
tranco a porta
vou à escrivaninha e pego a pistola
da gaveta. ela tem seu próprio senso de
amor.
AMOR! AMOR! AMOR! a multidão canta nas
ruas.
eu atiro pela janela
o vidro corta meu rosto e
braços. acerto um garoto de 12 anos
um velho de barba
e uma adorável moça algo parecida a uma
violeta.
a multidão para de cantar para
me olhar.
estou parado na janela quebrada
o sangue em meu
rosto.
'isso', eu grito para eles, 'é em defesa da
pobreza de si mesmo e em defesa da liberdade
de não amar!'
'deixe-o em paz', alguém diz,
'ele está louco, viveu uma vida ruim por
tempo demais.'
entro na cozinha
sento-me e encho um
copo de uísque.
resolvo que a única definição da
Verdade (que muda)
é ela ser a única coisa ou ato ou
crença que a multidão
rejeita.
estão socando minha
porta. é a mesma mulher de novo.
ela é tão bela como encontrar um
sapo verde e gordo no
jardim.
eu tenho 2 balas restantes e
uso
ambas.
nada no ar a não ser
nuvens. nada no ar a não ser
chuva. a vida de cada homem é curta demais para
encontrar sentido e
todos os livros quase um
desperdício.
sento e os ouço
a cantar.
sento e os
ouço."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 25, 26 e 27
insígnias
o exército rasgou seus uniformes e
destroçou suas armas. não há mais necessidade de
cadeias ou jornais ou hospícios ou
trancas nas portas.
uma mulher vem correndo até minha porta
ME COMA! ME AME!
ela grita.
ela é bela como um charuto
depois de jantar um bom filé. eu
a possuo.
mas depois de sua partida
eu me sinto esquisito
tranco a porta
vou à escrivaninha e pego a pistola
da gaveta. ela tem seu próprio senso de
amor.
AMOR! AMOR! AMOR! a multidão canta nas
ruas.
eu atiro pela janela
o vidro corta meu rosto e
braços. acerto um garoto de 12 anos
um velho de barba
e uma adorável moça algo parecida a uma
violeta.
a multidão para de cantar para
me olhar.
estou parado na janela quebrada
o sangue em meu
rosto.
'isso', eu grito para eles, 'é em defesa da
pobreza de si mesmo e em defesa da liberdade
de não amar!'
'deixe-o em paz', alguém diz,
'ele está louco, viveu uma vida ruim por
tempo demais.'
entro na cozinha
sento-me e encho um
copo de uísque.
resolvo que a única definição da
Verdade (que muda)
é ela ser a única coisa ou ato ou
crença que a multidão
rejeita.
estão socando minha
porta. é a mesma mulher de novo.
ela é tão bela como encontrar um
sapo verde e gordo no
jardim.
eu tenho 2 balas restantes e
uso
ambas.
nada no ar a não ser
nuvens. nada no ar a não ser
chuva. a vida de cada homem é curta demais para
encontrar sentido e
todos os livros quase um
desperdício.
sento e os ouço
a cantar.
sento e os
ouço."
Charles Bukowski (1920-1994). As pessoas parecem flores finalmente. Porto Alegre: L&PM, 2015, p. 25, 26 e 27
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segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Mediocridade
"Toda
a vida bem vivida, harmoniosamente vivida, vivida sem faltas, sem
manchas, com felicidade, com serenidade, é uma vida medíocre. Tudo o que
passe do medíocre tem em si o excesso e o erro."
Agostinho da Silva (1906-1994), poeta português
Insane
"...psychotherapists may become the new spiritual leaders of mankind.
A disaster. Goethe was afraid the modern world might turn into a
hospital. Every citizen unwell. The same point in 'Knock' by Jules
Romains. Is hypochondria a creation of the medical profession? According
to this author, when culture fails to deal with the feeling of
emptiness [...] other agents come forward to put us together with
therapy, with glue, or slogans, or spit, or as that fellow Gumbein the
art critic says, poor wretches are
recycled on the couch. This view is even more pessimistic than the one
held by Dostoievski's Grand Inquisitor who said: mankind is frail, needs
bread, cannot bear freedom but requires miracle, mystery, and
authority. A natural disposition to feelings of emptiness and panic is
worse than that. Much worse. What it really means is that we human
beings are insane."
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 177
Light
"...I speak as a person who had lately received or experienced light.
I don't mean 'The light'. I mean a kind of light-in-the-being, a thing
difficult to be precise about [...]. And this light, however it is to be
described, was now a real element in me, like the breath of life
itself. I had experienced it briefly, but it had lasted long enough to
be convincing and also to cause an altogether unreasonable kind of joy.
Furthermore, the hysterical, the grotesque about me, the abusive,
the unjust, that madness in which I had often been a willing and active
participant, the grieving, now had found a contrast. I say 'now' but I
knew long ago what this light was. Only I seemed to have forgotten that
in the first decade of life I knew this light and even knew how to
breathe it in. But this early talent or gift or inspiration, given up
for the sake of maturity or realism (practicality, self-preservation,
the fight for survival), was now edging back. Perhaps the vain nature of
ordinary self-preservation had finally become too plain for denial.
Preservation for what?".
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 179
Pesadillas
"Por las noches me costaba dormir. Tenía pesadillas. Antes de meterme
en la cama me aseguraba de que las puertas y las ventanas de mi
habitación estuvieran herméticamente cerradas. Se me secaba la boca y la
única solución era beber agua. Me levantaba continuamente e iba al baño
a llenarme el vaso con agua. Ya que estaba levantado aprovechaba para
comprobar una vez más si había cerrado bien la puerta y las ventanas. A
veces me olvidaba de mis aprensiones y me quedaba junto a la
ventana observando el desierto de noche. Luego volvía a la cama y
cerraba los ojos, pero como había bebido tanta agua no tardaba en
levantarme de nuevo, esta vez para orinar. Y ya que me había levantado
volvía a comprobar las cerraduras de la habitación y volvía a quedarme
quieto escuchando los ruidos lejanos del desierto (motores en sordina,
coches que iban hacia el norte o hacia el sur) o mirando la noche a
través de la ventana. Hasta que amanecía y entonces por fin podía dormir
algunas horas seguidas, dos o tres como mucho."
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001), Barcelona: Anagrama, 2001, p. 29
Ler
"Leituras
que arrastam leituras, páginas que se desdobram, em um desfiladeiro sem
fim. Nenhum método, nenhuma teoria, nenhum 'projeto'. Tudo muito
distante de qualquer rigor. Nenhuma direção fixa, nenhum 'objetivo'.
Nada parecido. Só o prazer de ler sem parar e, sem parar, entregando-me
ao sabor das palavras, misturando, até que se dissolvam uma na outra,
literatura e vida. É como gosto de ler."
José Castello. Orgulho e vaidade. In: Pernambuco - Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado
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Sobre Educação
"Ninguém mais tem a liberdade de dar uma educação nobre aos seus
filhos na Alemanha atual: nossas escolas 'superiores', com seus
professores, com seus planos e metas de ensino, estão todas orientadas
para a mediocridade mais ambígua. E por toda parte reina uma pressa
indecorosa, como se alguma coisa houvesse se perdido se o jovem ainda
não estivesse 'pronto' aos 23 anos, se ainda não soubesse responder à
'pergunta capital': qual profissão? - Homens de um tipo superior, se me permitem
dizê-lo, não gostam de 'profissões', precisamente porque sabem que têm
vocações... Eles têm tempo, tomam tempo para si, de modo algum pensam em
ficar 'prontos' - com trinta anos, no sentido de uma cultura superior,
se é um iniciante, uma criança - Nossos ginásios superlotados, nossos
professores ginasiais sobrecarregados, estupidificados, são um
escândalo: para defender essa situação, como fizeram recentemente os
professores de Heidelberg, talvez haja causas - razões para tanto não
há."
Friedrich Nietzsche (1844-1900). Crepúsculo dos ídolos. Porto Alegre: L&PM, 2015,´p. 71-72
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I
"We
turned into Forty-seventh Street, the boundary between rich man's
Kenwood and poor man's Oakwood, passing the locked tavern which lost its
license because a fellow had gotten twenty stab wounds there over a
matter of eight dollars. This was what Cantabile meant by 'crazy
buffaloes'. Where was the victm? He was buried. Who was he? Nobody could
tell you. And now others, casually regardant, passed the place in
automobiles still thinking of an 'I', and of the past and the prospects
of this 'I'. If there was nothing in this but some funny egoism, some
illusion that fate was being outwitted, avoidance of the reality of the
grave, perhaps it was scarcely worth the trouble. But that remained to
be seen."
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 190-191
Naturaleza
“...la
naturaleza es la naturaleza, Max, desengáñate, y estará siempre ahí,
como un misterio irremediable, y no me refiero a los bosques que se
queman sino a las neuronas que se queman y al lado izquierdo o al lado
derecho del cerebro que se quema en un incendio de siglos y siglos.”
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001), Barcelona: Anagrama, 2001, p. 119
Reino del futuro
“...algo
en ti me llamó la atención, tu cara, tus ojos que miraban hacia el
lugar en donde estaba la cámara (probablemente sin saber que te estaban
grabando y que en nuestras casas te veíamos), unos ojos sin profundidad,
distintos de los ojos que tienes ahora, infinitamente distintos de los
ojos que tendrás dentro de un rato, que miraban la gloria y la
felicidad, los deseos saciados y la victoria, esas cosas que sólo
existen en el reino del futuro y que más vale no esperar pues nunca
llegan.”
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001), Barcelona: Anagrama, 2001, p. 113
Talent
“Suppose
then that you began with the proposition that boredom was a kind of
pain caused by unused powers, the pain of wasted possibilities or
talents, and was accompanied by expectations of the optimun utilization
of capacities. […] Modern French literature is especially preoccupied
with the theme of boredom. Stendhal mentioned it on every page, Flaubert
devoted books to it, and Baudelaire was its chief poet. What is the
reason for this peculiar French sensitivity? Can it be because the
‘ancien régime’, fearing another Fronde, created a court that emptied
the provinces of talent?”
Saul Bellow (1915-2005). Humboldt's Gift (1975). London: Penguin Books, 2008, p. 201
Desmesura
"Me
sobrevino la muerte en una discoteca de París a las cuatro de la
mañana. Mi médico me lo había advertido pero hay cosas que son
superiores a la razón. Erróneamente creí (algo de lo que aún ahora me
arrepiento) que el baile y la bebida no constituían la más peligrosa de
mis pasiones. Además, mi rutina de cuadro medio en FRACSA contribuía a
que cada noche buscara en los locales de moda de París aquello que no
encontraba en mi trabajo ni en lo que la gente llama vida interior: el
calor de una cierta desmesura."
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001), Barcelona: Anagrama, 2001, p. 129
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Roberto Bolaño
Barcelona
"...salimos a cenar a uno de los mejores restaurantes de la ciudad, y
un fotógrafo de prensa que había allí nos hizo una foto, es esa que
tengo colgada en el comedor, con Herrera y Buba y yo sonriendo, bien
vestidos, delante de una mesa exquisita, si me permiten la expresión
(pero es que otra no hay), dispuestos a comernos el mundo aunque en
nuestro fuero interno teníamos bastantes dudas (sobretodo Herrera y yo)
de que efectivamente fuéramos a comernos nada. [...] hablamos de
películas, de viajes, pero no de viajes de trabajo sino de viajes de
placer, y de poco más. Y cuando salimos del restaurante, no sin antes
haberle firmado autógrafos a los camareros y al cocinero y a los pinches
de cocina, nos pusimos a caminar durante un rato por las calles vacías
de la ciudad, esa ciudad tan bonita, la ciudad de la sensatez y del
sentido común como la llamaban algunos exaltados, pero que también era
la ciudad del resplandor en donde uno se sentía bien consigo mismo, y
que para mí ahora es la ciudad de mi juventud, bueno, como decía, nos
pusimos a caminar por las calles de Barcelona..."
Roberto Bolaño (1953-2003). Putas asesinas (2001), Barcelona: Anagrama, 2001, p. 165
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