"Estamos cercados pelos mortos que ocupam posições de poder porque, de maneira a obter esse poder, é necessário que morram. Os mortos são fáceis de encontrar — estão por toda a parte à nossa volta; a dificuldade está em achar os que estão vivos. Repare na primeira pessoa com quem cruzar na calçada lá fora — os olhos já não guardam qualquer cor; o modo de caminhar é brutal, desajeitado, feio; mesmo os cabelos parecem brotar de maneira doentia. Há ainda outros tantos sinais de morte: um deles é uma sensação de radiação, os mortos emitem verdadeiros raios, o fedor de suas almas, que podem arruinar o nosso apetite para o almoço caso o contato dure muito tempo."
Charles Bukowski (1920-1994). Pedaços de um caderno manchado de vinho. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 74
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