"[...] sua depressão estava em seu momento mais grave. Decidiu
submeter-se ao tratamento depois de descobrir o endereço de uma loja de
armas para se matar. 'Não queria morrer porque me odiava, mas porque me
amava o suficiente para querer o fim da dor. Eu me apoiava na porta do
banheiro de minha filha a cada dia para ouvi-la cantar – ela tinha onze
anos e sempre cantava no chuveiro –, e aquilo era um convite para que eu
não sucumbisse por mais um dia. Eu não conseguia me importar, mas de
repente percebi que, se comprasse uma arma e a usasse, aquela menina
pararia de cantar. Eu a silenciaria. Naquele dia mesmo me internei
[...]".
Andrew Solomon (1963-). O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 116
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