domingo, 27 de janeiro de 2013

Infinite Jest


Cenário: uma clínica para tratamento de viciados em drogas

"Eu sinto muito mesmo incomodar. Eu posso voltar depois. Eu estava pensando se de repente não tem alguma oração especial do Programa pra quando você quer se enforcar."

(...)

"Ótimo, ótimo. Ótimo. Perfeito. Sem nenhum problema. Feliz de estar aqui. Melhorzinho. Dormindo melhor. Adoro o rango. Numa palavra, não podia estar melhor. Os dentes? Isso de ranger os dentes? Tique. Deixa a mandíbula mais forte. Uma manifestação do meu bem-estar geral. A mesma coisa com isso da pálpebra."

(...)

“Desculpa se eu estou incomodando você por uma coisa que não é um negócio assim direto de interface de tratamento e tal. Eu estou lá em cima tentando fazer a minha Tarefa Doméstica. Eu estou com o banheiro masculino do primeiro andar. Tem um negócio… Pat, tem um negócio na privada lá em cima. Que não vai com a descarga. O negócio. Não vai embora. Fica voltando. Por mais que eu dê descarga. Eu só estou aqui pra saber o que fazer. De repente também um equipamentinho de proteção. Eu não consigo nem descrever esse negócio lá da privada. Eu só posso te dizer que se aquilo foi gerado por alguma coisa humana, aí eu tenho que te dizer que eu estou é com medo. Nem me peça pra descrever. Se você quiser subir e dar uma olhada, eu tenho 100% de certeza que ainda está lá. O negócio deixou bem claro que não pretende sair dali.”

Trechos de "Infinite Jest", de David Foster Wallace (1962-2008), em tradução por Caetano Galindo, para a Companhia das Letras (citados pelo tradutor em sua coluna no blog da editora: Em tradução)

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