"De ferramentas tecnológicas, qualquer um pode
dispor, mas a cereja do bolo chama-se conteúdo. É o que todos buscam
freneticamente: vossa majestade, o conteúdo.
Mas onde ele se esconde?
Dentro das pessoas. De algumas delas.
Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o já parco vínculo familiar com a literatura, caso não se dê mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem conseguir concluir um raciocínio. De geração para geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda. Quem irá optar por ser professor não tendo local decente para trabalhar, nem salário condizente com o ofício, nem respeito suficiente por parte dos alunos? Os minimamente qualificados irão ganhar a vida de alguma forma que não numa sala de aula. E sem uma orientação pedagógica de nível e sem informação de categoria, que realmente embase a formação de um ser humano, só o que restará é a vulgaridade e a superficialidade, que já reinam, aliás." (p. 149)
Mas onde ele se esconde?
Dentro das pessoas. De algumas delas.
Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o já parco vínculo familiar com a literatura, caso não se dê mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem conseguir concluir um raciocínio. De geração para geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda. Quem irá optar por ser professor não tendo local decente para trabalhar, nem salário condizente com o ofício, nem respeito suficiente por parte dos alunos? Os minimamente qualificados irão ganhar a vida de alguma forma que não numa sala de aula. E sem uma orientação pedagógica de nível e sem informação de categoria, que realmente embase a formação de um ser humano, só o que restará é a vulgaridade e a superficialidade, que já reinam, aliás." (p. 149)
-------------------------------------------------------------------------
"A paz que tanto procuramos não está na
previsibilidade e na constância, e sim no reconhecimento de que ambas
inexistem: nada é previsível nem constante. E isso enlouquece a maioria
das pessoas. Quer dizer que não temos poder nenhum? Pois é, nenhum.
É um choque. Mas o segredo está em acostumar-se com a ideia. Só então é que se consegue relaxar e se divertir.
Ou seja, a pessoa de mente saudável é aquela que, sabedora da sua impotência contra as adversidades, não as camufla, e sim as enfrenta, assume a dor que sente, sofre e se reconstrói, e assim ganha experiência para novos embates, sentindo-se protegida apenas pela consciência que tem de si mesma e do que a cerca - o universo todo, incerto e mágico." (p. 148)
É um choque. Mas o segredo está em acostumar-se com a ideia. Só então é que se consegue relaxar e se divertir.
Ou seja, a pessoa de mente saudável é aquela que, sabedora da sua impotência contra as adversidades, não as camufla, e sim as enfrenta, assume a dor que sente, sofre e se reconstrói, e assim ganha experiência para novos embates, sentindo-se protegida apenas pela consciência que tem de si mesma e do que a cerca - o universo todo, incerto e mágico." (p. 148)
--------------------------------------------------------------------------
"É o desejo que manda. Esse troço que você tem
aí dentro da cachola, essa massa cinzenta, parecendo um quebra-cabeças,
ela só lhe distrai daquilo que realmente interessa: o seu desejo. O
rei, o soberano, o infalível, é ele, o desejo. Você pode
silenciá-lo à força, pode até matá-lo, caso não tenha forças para
enfrentá-lo, mas vai sobrar o que de você? Vai restar sua carcaça, seu
zumbi, seu avatar caminhando pelas ruas desertas de uma cidade qualquer.
Você tem coragem de desprezar a essência do que faz você existir de
fato?". (p. 140)
Martha Medeiros. Feliz por nada. Porto Alegre: L&PM, 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário