Caio cedo da cama
todos os dias (tenho
de cumprir a pena
dos três paus a troco
de sal) e uma vez que a
janela está aberta,
aproveito meus cinco
minutos que sobram,
fumando. Sem falta,
no último trago, ela
aparece na esquina
com a compra da feira
feita pra si. Lenta,
posso espiar com calma
sua venustidade: o
coque como sempre
espontâneo, sem espelho; a
clavícula e os quadris que
salientes adornam
sua silhueta sob o
vestido; e um vestígio
de pele que surge
de um passo a outro. Quando
mais perto, nos olhos
baços descubro onde
guarda sua beleza
de agora. Ah, se eu fosse
trinta anos mais velho.
Do peitoril lanço a
ponta na calçada
que queima até a cinza.
Paulo Ferraz - Poemas avulsos
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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