sexta-feira, 21 de novembro de 2008

As Brumas de Avalon

Morgana fala:
Na primeira luz do sol nascente, vi Lancelote levantar a Excalibur em suas mãos e atirá-la tão longe quanto pôde. Voou no ar, caiu, rodopiando, e eu não vi mais nada; meus olhos estavam enevoados com as lágrimas e o brilho da luz.
Então, ouvi Lancelote: - Eu vi uma mão elevando-se do lago - uma mão que segurou a espada, e brandiu-a três vezes no ar, e depois submergiu...
Eu nada percebera, apenas o brilho da luz em um peixe que aparecera na superfície do lago, mas não duvido que ele tenha visto o que disse que viu.
- Morgana - murmurou Artur -, é você realmente? Não posso vê-la, Morgana, está tão escuro aqui... o sol está se pondo? Morgana, leve-me para Avalon, onde pode curar minha ferida... leve-me para casa, Morgana...
Sua cabeça pesava em meu peito, pesada como a criança em meus próprios braços infantis, pesada como o Gamo-Rei que viera para mim triunfante. - Morgana - minha mãe chamara, impaciente -, tome conta do bebê... e toda a minha vida eu o carregara comigo. Segurei-o junto a mim e limpei as lágrimas de seu rosto com o meu véu, e ele estendeu a mão e segurou a minha.
- Mas é você realmente, é você, Morgana... Voltou para mim... e está tão jovem e bela... sempre verei a Deusa em seu rosto... Morgana, você não me deixará de novo, não é?
- Nunca mais o deixarei, meu irmão, meu bebê, meu amor - eu lhe sussurrei, e beijei seus olhos. E ele morreu logo que a bruma se levantou e o sol raiou sobre as praias de Avalon.

As Brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley, 1982)

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