"O que tu chamas de paixão não é nenhuma energia psíquica, mas um atrito entre a alma e o mundo exterior. Onde reinam os sentimentos apaixonados não existe um plus de energéticos desejos e aspirações, mas esses sentimentos se dirigem a uma meta solitária e falsa, e por essa razão a atmosfera se torna tensa e pesada. Quem centralizar a mais sublime energia do desejo, quem a dirigir ao verdadeiro ser, à perfeição, terá uma aparência mais calma do que a pessoa apaixonada, porque a labareda do seu ardor não é sempre visível, e porque, por exemplo, ao discutir, essa pessoa não grita nem gesticula. Mas eu te digo: esse homem arde, queima!"
Hermann Hesse (1877-1962). O jogo das contas de vidro (1943). 4ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010, p. 102
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