"Mas foi no vôo que se explicaram seus braços compridos e desajeitados: eram asas. E o olho um pouco estúpido, aquele olhar estúpido só combinava com as larguras do pensamento pleno. Andava mal no diário, mas voava. Voava tão bem que até parecia arriscar a vida, o que era um luxo. Andava ridículo, cuidadoso, o pato feio. No chão, ele era um paciente."
Clarice Lispector. A descoberta do mundo (crônicas: 1967-1973). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 615
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