"Tudo que era bom em mim me emocionou naquele momento, tudo o que eu esperava do profundo e obscuro significado da minha existência. Aqui estava a placidez interminável e muda da natureza, indiferente à grande cidade; aqui estava o deserto abaixo dessas ruas, ao redor dessas ruas, esperando que a cidade morresse para cobri-la com a areia eterna uma vez mais. Assaltou-me uma sensação aterrorizadora de entender o significado e o destino patético dos homens. O deserto sempre esteve aqui, um animal branco paciente, esperando que homens morressem, que civilizações lampejassem e se apagassem na escuridão. Então os homens me pareceram bravos e fiquei orgulhoso de figurar entre eles. Toda a maldade do mundo não parecia maldade de todo, mas inevitável, boa e parte daquela luta interminável para manter o deserto sob controle."
John Fante (1909-1983). Pergunte ao pó (1939). 9ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011, p. 149
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