sábado, 9 de maio de 2015

Lago de Flints


"Lago de Flints! Tal é a pobreza de nossa nomenclatura. Que direito tinha o agricultor sujo e obtuso, cuja terra chegava até essa água celestial, de margens que desnudou impiedosamente, de dar seu nome a ela? Um Flint sovina, que preferia a superfície reluzente de um dólar ou de um luzidio centavo, onde podia mirar sua cara despudorada; o qual considerava como invasores até os patos selvagens que pousavam ali; os dedos convertidos em garras aduncas e calosas pelo longo hábito de agarrar as coisas feito uma harpia (...)

Não respeito a labuta, a lavoura onde tudo tem seu preço, de quem é capaz de levar a paisagem, de levar seu Deus ao mercado, se isso lhe render alguma coisa; que vai ao mercado como se este fosse seu deus; em cujas terras nada cresce em liberdade (...)"

Henry David Thoreau (1817-1862). Walden (1854). Porto Alegre: L&PM, 2014, p. 189-90

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