"Os autorretratos de Vincent reafirmavam a preeminência do indivíduo, do eu, diante do resto do mundo, na situação de adversidade social extrema que esse artista conheceu. Este sou eu, este que vocês veem no seu sofrimento ou na sua alegria, eu existo por essas cores e essas manchas na tela, e tenho razão de prosseguir o caminho que escolhi, do jeito que escolhi. Quanto maior a adversidade e mais próxima parece a morte, tanto mais esse lutador infatigável parece querer nos dar uma lição admirável de coragem moral. No limiar de um século XX que ele sonhava idílico e que foi tão cruel, o conjunto de autorretratos de Vincent, a maioria dos quais realizados em Paris, é como uma nova confirmação da força espantosa de uma civilização paradoxal que inflige às vezes o martírio aos que a renovam, salvando-a da esclerose e da morte."
David Haziot. Van Gogh. Porto Alegre: L&PM, 2010. p. 174
Nenhum comentário:
Postar um comentário