sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Morto



Veja esse morto como esgotou um por um seus segredos.
Sentado como um doutor
Veja que respeito nutre pelo silêncio...
Que morto!
Um piano dormindo no fundo de um poço
Não é mais cômodo do que um homem morto num
porto.
Veja que comodidade:
Ele não usará seus dedos secos nunca mais para pegar
em moças...
Que morto!

Manoel de Barros. Poesias (1956). In: Gramática Expositiva do Chão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990. p. 109

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